quinta-feira, 18 de abril de 2013

Ronda do Quarteirão – O fracasso de um programa

Com o título “Ronda do Quarteirão: sem ouvidos para a população”, eis o Editorial do O POVO desta quinta-feira. Inegavelmente, o início d o programa trouxe sensação de segurança às pessoas, mas hoje o quadro é outro. Confira:
O POVO publicou, ontem, reportagem sobre a quanto anda a eficácia do acionamento das viaturas do programa Ronda do Quarteirão pela população. Metade das chamadas dos 122 números postos à disposição da comunidade não foi atendida. O teste foi realizado pela própria equipe de reportagem.
Aquilo que foi a grande novidade do programa Ronda do Quarteirão – o acesso fácil aos seus serviços, através do número telefônico da viatura encarregada do patrulhamento de cada área -simplesmente não mais funciona. Com isso, desapareceu o principal vínculo que ligava o cidadão à prometida “polícia comunitária”.
Inegavelmente, o início do programa trouxe sensação de segurança às pessoas. Bastava ligar, que a viatura respondia prontamente ao chamado. A presença ostensiva não apenas afastava o marginal, mas podia flagrá-lo em ação.
Na parte de combate à poluição sonora, então, foi um sucesso. Mas, isso durou pouco: logo surgiram denúncias de que os proprietários dos estabelecimentos infratores estavam assediando as patrulhas e “mimando-as”, com lanches, almoços e outras“gentilezas”. Daí em diante, passou-se a constatar não apenas má vontade de algumas patrulhas em atender esse tipo de chamado, mas, quando o faziam, realizavam apenas um simulacro de autuação.
Para completar o processo de deterioração, veio o episódio desmoralizante da punição de patrulheiros do Ronda por “insubordinação” e “desacato a superior hierárquico” pelo fato de terem insistido em fechar um bar no qual o proprietário se recusava a baixar o som estridente por reclamação da vizinhança. Dois oficiais que se divertiam à custa do abuso de som destrataram os jovens policiais que queriam cumprir com o dever. Aí foi o golpe de misericórdia. Ninguém quis mais se arriscar a enfrentar tais riscos, sob pena de se prejudicar.
A pressão corporativa da “antiga polícia” sobre os novos quadros alocados no Ronda para que se “amoldassem” à velha cultura policial de violência e corrupção levou de roldão qualquer possibilidade de resistência a esse enquadramento. Isso, aliado à própria deficiência de treinamento e formação dos novos quadros fez com que voltassem a reproduzir as velhas práticas deploráveis de violência contra o cidadão.

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