quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Diário do Nordeste destaca, mais uma vez, abandono do Perímetro Icó-Lima Campos



Tema de documentário, matéria do Jornal Nacional [TV Globo], assunto de audiência da Assembleia Legislativa do Ceará [AL-CE] e pauta para matérias de diversos meios de comunicação.
Este é um breve resumo da repercussão dos últimos meses da situação do Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos [PILC], que encontra-se sem presente e ainda sem perspetiva de futuro.

Em mais uma matéria do caderno Regional do Diário do Nordeste, a situação de "estrangulamento" do potencial agrícola icoense é novamente debatido em um momento chave do período eleitoral: a reta final da campanha política em Icó. O que poderá esperar o PILC a partir de 2013 da Prefeitura Municipal?

A matéria abaixo, do jornalista Honório Barbosa, aponta por onde se deve começar a agir para que a água volte a correr e a levar alegria e emprego aos icoenses.
CENTRO-SUL- Perímetro de Icó está abandonado - Sem condições de trabalho, muitos agricultores desistiram da lavoura e as áreas encontram-se ociosas
Icó. Os perímetros de irrigação foram construídos para que ocorresse produção agrícola ao longo do ano, independentemente de chuvas. Mas, não é isso que se verifica no Perímetro de Irrigação Icó-Lima Campos, do Departamento Nacional de Obras contra a Seca [Dnocs], localizado neste Município, na região Centro-Sul.

Dois terços da área estão abandonados por falta de água nos canais de distribuição para os lotes. O sistema de bombeamento está sem funcionar há mais de 12 anos. O sistema de bombeamento do equipamento está sem funcionar há mais de 12 anos. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó lamenta que o principal canal de distribuição de água da cidade só acumule lixo e lama

Sem condições de trabalho, muitos agricultores desistiram da lavoura e as áreas estão ociosas. Os produtores rurais do perímetro aguardam, há mais de seis anos, a implantação do projeto de transposição das águas do Açude Lima Campos, por gravidade, para a maior parte dos lotes. A obra, orçada em cerca de R$ 12 milhões, eliminará a necessidade de bombeamento, reduzindo custos de energia elétrica. A previsão era de que o Dnocs iniciasse a obra neste ano, a ideia ainda não saiu do papel.

Decorrido mais um ano sem a realização da esperada obra, os produtores e lideranças do setor agropecuário mantêm desconfiança e descrença sobre a recuperação dos canais e a obra de transferência de água.

"A reivindicação para a melhoria do perímetro é antiga, estamos cansados e os agricultores massacrados", disse o secretário de Agricultura do Município, Mailton Bezerra. Ele lamenta que o Dnocs tenha abandonado o perímetro. "Ficaram de liberar recursos para essas obras de infraestrutura, e nós estamos sempre cobrando, mas, até agora, nada de concreto ocorreu. Temos informações de que foram colocados recursos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] para a construção desse projeto", observou.

POTENCIAL - A área que deveria ser de produção permanente é considerada, em potencial, o "pulmão de desenvolvimento" da cidade, mas está em declínio e tornou-se um problema sério, afetando a agricultura familiar e a economia local, segundo avaliação dos agricultores e técnicos do setor. Até mesmo a verba de R$ 2 milhões para a recuperação de canais secundários e de drenos no setor onde há funcionamento e irrigação não foi liberada.

A ponte no Conjunto GH, destruída na cheia de 2008, também não foi recuperada. Além da falta de produção, muitos irrigantes estão preocupados e temem a perda de lotes por causa do processo de regularização fundiária que está em andamento, inclusive, com doação de área para o Município.

O presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó, Alexsandro Oliveira Silva, lamenta que o principal canal de distribuição de água só acumule lixo e lama. Muitos produtores estão endividados nas agências bancárias.

A inadimplência no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar [Pronaf] impede novos financiamentos e contribui para o aumento da crise no campo. O coordenador estadual substituto do Dnocs, Ney Barros da Costa, explicou que a construção de um canal derivado do principal e a obra de transposição das águas do Açude Lima Campos para dois terços do perímetro vai eliminar a antiga estação de bombeamento, que está obsoleta e assegurar a irrigação em todos os lotes.

"O projeto já foi elaborado e está pronto para ser licitado. O nosso esforço é para contratar a obra ainda neste ano", afirmou, informando que a obra está orçada em cerca de R$ 12 milhões, verba que estaria garantida pelo Ministério da Integração Nacional.

Sobre a regularização dos lotes e imóveis não operacionais do Dnocs, Ney Costa fala que o processo está em execução. Implantado a partir da década de 1970, como projeto de produção agropecuária em Icó, o perímetro não cumprem o seu papel. Os colonos [beneficiários originais dos lotes] mais antigos estão cansados e os filhos não encontram incentivos para continuarem no campo. Diversas famílias sobrevivem de rendimentos de aposentadoria rural e há milhares de lotes ociosos.

A área que fica acima do Rio Salgado é beneficiada com a água do Açude Lima Campos, que chega às unidades produtivas por gravidade. Entretanto, a maior parte, cerca de dois terços do perímetro, está localizada após o rio e necessita de bombeamento. Sem água nos canais, não há como produzir ou a produção fica restrita ao sistema de sequeiro, que depende da água da chuva no período invernoso, isto é, a prática da agricultura sem irrigação.

"A nossa situação é de desespero e de preocupação", disse o aposentado e um dos colonos remanescentes da implantação do perímetro, Raimundo Batista. "Passei dez anos sem plantar, vivendo da aposentadoria porque não há irrigação, o canal está seco". No perímetro, a terra poderia produzir o ano todo, mesmo durante o período de seca, mas isso não acontece porque o sistema de bombeamento está paralisado e o canal permanece desativado.

"No passado, a gente produziu muito. Havia emprego e as cooperativas funcionavam", disse o produtor Francisco Oliveira. O abandono do perímetro e a falta de fiscalização por parte do Dnocs resultaram na ocupação de lotes por empresários.

Muitos colonos "venderam" a terra para particulares, que não faziam parte do projeto de assentamento. O Dnocs reconhece o problema da ocupação irregular e informa que haverá uma regularização fundiária para ocorrer a recuperação dos canais e lotes.


Mais informações:
Associação do Distrito de Irrigação
Av. do Cruzeiro, s/n, Centro de Icó
Telefone: [088] 3561-1974
Dnocs em Fortaleza Telefone: [085] 3391-5303

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