Se dizem que o ataque é a melhor defesa, o governador Cid Gomes está respaldado para possíveis denúncias que surgirem nos próximos dias. O socialista surpreendeu deputados estaduais de oposição e a imprensa ao comparecer a sessão da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (07). Ao falar sobre denúncias contra o governo, repetiu em diferentes momentos. “Eu não sou desonesto!”.
Cid Gomes admitiu que só incluiu compromisso na agenda, na noite anterior. A visita durou mais de três horas entre discursos, debate e entrevistas.
Já em plenário, o governador apresentou projetos de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014 e fez um desabafo ao comentar denúncias de corrupção e tráfico de influência envolvendo representantes do governo estadual. O governador citou o caso dos banheiros fantasmas, o vídeo em que conversa com empresários sobre a linha leste do metrô de Fortaleza e o sistema de empréstimos consignados aos servidores públicos do Ceará.
Surpresa
Por volta das 11 horas da manhã a movimentação nos corredores da Casa começou a ficar diferente. Seguranças assumiram pontos estratégicos e aos poucos secretários de Estado começaram a chegar. Não demorou para que o governador adentrasse o plenário. O governador admitiu que decidiu passar pela Assembleia na noite anterior.
Consignados
Ainda durante discurso na tribuna da AL, Cid Gomes falou sobre a denúncia do suposto esquema de empréstimos consignados. Ele explicou a participação do Estado para negociar vantagens para os servidores públicos e negou que algum representante do governo tenha atuado de forma irregular em benefício próprio ou de terceiros.
Ao citar o possível envolvimento do secretário Chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho, que segundo a denúncia teria beneficiado o próprio genro, Cid Gomes disparou: “Se o parente de algum secretário tem envolvimento com a empresa, o governo não tem nada a ver com isso. A Coelce é uma concessionaria pública, e o irmão do deputado Heitor Férrer trabalha lá e isso não quer dizer nada”, sugeriu.
Cid x Férrer
“Eu nunca lhe chamei de desonesto. O mesmo não posso dizer do seu governo”, disse o deputado Heitor Férrer ao usar a palavra para questionar o governador sobre os 19% que seriam repassados pelos agentes financeiros para o genro de Arialdo Pinho.
Cid Gomes respondeu primeiro em tom de alerta. “Cuidado para não morder a língua. Cuidado para não ser vítima do mesmo oportunismo caso planeje assumir um espaço no Executivo”, disse Cid ao deputado.
Depois, o governador desmonstrou um misto de indignação e incredulidade diante das denúncias.
“Eu não acredito, eu não acredito!” disse para em seguida completar afirmando que “Eu estou absolutamente tranquilo. Uma coisa que incomoda é a indicação de suspeição, de desonestidade. Há quem defenda a tese de que eu não devia remoer porque esse assunto já saiu do noticiário, mas eu não tenho nada a temer. Em nome de que eu vou ser cúmplice com qualquer ato de desonestidade? Isso fere de morte, tira a credibilidade de um governo. Se eu não sou desonesto, não vou permitir que meu governo seja. Eu não roubo nem deixo roubar. Se alguém está roubando, me diga, mas me diga mesmo”, desafiou.
“Eu sou capaz de chamar o Bradesco aqui. Mas eu não acredito, eu não acredito que o Bradesco faça isso, se tiver é um imbecil. Se tivesse, [o Bradesco] já teria procurado o secretário [da Fazenda] Mauro Filho para dizer que alguém [do governo] estava querendo extorquir”, disparou.
Banheiros O governador ainda disse que estaria disposto a chamar o banco Bradesco para saber se a instituição estaria pagando comissão, como afirma a denúncia, ao genro do secretário Arialdo Pinho. O deputado Fernando Hugo (PSDB) disse que ainda existem muitas dúvidas sobre os empréstimos consignados e no caso dos banheiros fantásmas, mas lamentou que a oposição não receba esclarecimentos através dos secretários de estado.
Cid Gomes respondeu: “Não quero que meu desabafo se confunda com desejo de não ter oposição. Longe de mim ter restrições ao papel da oposição. Não há papel mais nobre”, afirmou ao lembrar que mudou de partido várias vezes para fazer parte da oposição.
“O meu interesse na questão é apenas que o banheiro seja feito. Ministério Público, Justiça, polícia, que vá atrás das outras coisas. O que aconteceu ali na prática? Todos os convênios são padrões. Se faz um convênio e se libera uma parcela. Um funcionário que não secretário [das Cidades] recebeu uma prestação de contas (…) que depois se descobiu que era falsa. De má fé, a parcela foi liberada. Repito, meu interesse é que o banheiro seja feito”, reafirmou.
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