segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Só nos consultando

Enviado por Edgar Flexa Ribeiro
A democracia à brasileira está se fragilizando a cada eleição. E não dá mais para acreditar em reforma política que se faça sem consulta direta aos eleitores.
O brasileiro pode saber em quem votou, mas não tem nenhum controle sobre seu voto – a manifestação de sua vontade política – depois que aperta o botãzinho.
As urnas elegem como representantes do povo uma turma que nada tem a ver com a vontade do povo.
Sabemos em quem votamos, mas não sabemos quem se elegeu com nosso voto. Então, vota-se em qualquer um: no mais famoso, no mais grotesco, no mais engraçado...
Não sabemos quem nos representa. Isso é grave, pois não temos a quem cobrar diretamente. E já que não podemos individualizar a cobrança, eles não têm a quem responder pessoalmente. E comportam-se como querem e lhes convém.
O resultado disso se vê a cada dia, e mais claramente o quanto mais distante os representantes estiverem do eleitorado.
A Câmara dos Deputados, isolada lá longe, é uma reunião de irresponsáveis pronta a cometer todo e qualquer tipo de insensatez. Boa parte da produção legislativa – sem contar aquela que lhe é enfiada goela abaixo pelo Poder Executivo – é de muito má qualidade.
Quando é de interesse do Executivo negocia-se tudo: votos por ministérios, postos para apadrinhados, verbas, vantagens, etc.
Quando a idéia parece boa perante a opinião pública, e anódina aos olhos oficiais, pode-se votar tudo, até para não acontecer nada. Só para dar manchete na imprensa e minutos de celebridade para o dono da idéia.
A justificativa para que isso ocorra é de que toda manifestação de vontade do eleitor deve ter conseqüência. Cada voto deve ser aproveitado.
Logo, dizem os chefões dos partidos políticos, se minha legenda teve esse voto eu o quero para mim. Não lhes importa quem foi votado: o eleitor vota primeiro no partido e influi apenas na distribuição interna dos votos recebidos na legenda.
E assim eles, os chefões e os eleitos de todo tipo, nos tiram – nós eleitores - da jogada. Chama-se uma celebridade, um famoso qualquer, e se elege uma coorte de penduricalhos que não representam ninguém, nem tiveram votos para estar aonde estão.
“Nunca antes na história deste país” se viu macaco serrar o galho em que está sentado.
Por isso, agora, nosso papel é reclamar o direito de decidir que reforma política queremos. É nosso direito e nosso dever.

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