quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A cada três dias, uma pessoa morre no trânsito de Fortaleza

“Os olhos de Elizete Arruda, 47 anos, ainda marejam ao relembrar aquele sábado de março último. Ela estava saindo do prédio onde mora, quando olhou para cima e viu o “muro rolar”. “Dei um passo e escapei. Um livramento.” Uma adolescente grávida, de 17 anos, uma criança de 11 meses e um senhor de 56 anos acabavam de perder a vida após um atropelamento. A jovem Amanda Cruz da Silva, 20 anos, invadiu a calçada na avenida Paulino Rocha, próximo ao viaduto da BR-116, e atingiu as vítimas. “Ainda me arrepio só de lembrar a cena. Foi muito triste”, lamentou.
De janeiro a junho deste ano, 52 pessoas morreram em acidentes de trânsito na Capital, segundo dados da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC). O número indica que, a cada três dias, um pedestre, ciclista, motociclista, condutor ou passageiro perdeu a vida nas ruas de Fortaleza. Foram, em média, oito pessoas em cada um dos primeiros meses de 2012. Os que pilotam moto foram os que mais morreram. Do total de 52 mortos, 22 eram motociclistas.
Se comparado ao mesmo período do ano passado, a estatística de mortes no trânsito cai. De janeiro a junho de 2011, foram registradas 65 óbitos. Mesmo assim, para os especialistas, o número ainda preocupa. “São vidas sendo ceifadas por desrespeito às leis de trânsito e imprudência”, comenta o chefe do Núcleo de Trânsito da AMC, Arcelino Lima. Segundo ele, o excesso de velocidade aumenta o risco de morte em acidentes.
“O motorista em alta velocidade pode perder o controle, caso aconteça algum imprevisto no volante”, explica. O médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior, chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), reforça que o excesso de velocidade contribui para o risco de lesões. “Principalmente se não existe o uso dos equipamentos de segurança”, acrescenta.
Ele explica que boa parte das lesões em acidentes de trânsito provoca traumatismo craniano, levando à morte. É preciso estar atento também aos ferimentos internos. “O cérebro, o baço, o fígado se movem durante a pancada. E a vítima pode ter hemorragia interna e vir a óbito poucas horas depois.” O médico cita ingestão de bebidas alcoólicas, sono, fadiga e desatenção (uso de celular e outros aparelhos) como fatores de risco.
Atitudes
Para reduzir a mortalidade no trânsito, o psicólogo Wagner Paiva, presidente da Associação dos Psicólogos de Trânsito do Estado do Ceará, aposta em educação e faixas exclusivas para motociclistas e ciclistas. Segundo ele, falta educação para respeitar o espaço do outro. E o aumento de veículos só contribui para isso. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran–CE), o número de veículos cresce todos os meses na Capital.
Em janeiro, eram 783.975. Em julho, o número subiu para 813.871 veículos. “O carro, por exemplo, não respeita se a moto estiver atrás dele ou na frente (local correto, segundo o Código de Trânsito Brasileiro), principalmente se o trânsito estiver congestionado”, aponta Paiva. Para Detran e AMC, a fiscalização e as campanhas educativas ajudam a modificar atitudes dos motoristas. Os dois órgãos afirmam manter equipes de fiscalização pela cidade constantemente.”
(O POVO)

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