sábado, 24 de novembro de 2012

Escritório da presidência é alvo da PF

Operação Porto Seguro
A  investigação começou após um servidor do TCU ter procurado a Polícia para confessar que havia sido cooptado
São Paulo A Polícia Federal fez ontem busca e apreensão no escritório da Presidência da República em São Paulo por conta da Operação Porto Seguro, com o fim de desarticular organização criminosa que se infiltrou em diversos órgãos federais para a obtenção de pareceres técnicos fraudulentos para beneficiar interesses privados. A ação aconteceu em São Paulo e em Brasília.
De acordo com o superintendente regional da PF de São Paulo, Roberto Troncon Filho, seis pessoas foram presas e 18 foram indiciadas FOTO: AGÊNCIA ESTADOA reportagem apurou que a investigação não tem relação com nenhum esquema de corrupção envolvendo a Presidência da República, mas com a atuação de Rosemary Novoa de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo.
Rosemary secretariava o então presidente Lula em viagens internacionais e foi responsável pela nomeação dos diretores Paulo Vieira (Agência Nacional de Águas) e Rubens Vieira (Agência Nacional de Aviação Civil) - os dois irmãos são alvo da operação, suspeitos de fraudar pareceres. Rosemary foi indiciada pela PF após prestar depoimento em São Paulo pela manhã.
A acusação contra ela seria de tráfico de influência. Rosemary teria indicado pessoas para empresas e, em troca, receberia presentes, como viagens, passagens aéreas e camarotes em carnavais. A PF queria apreender computadores, mas Rosemary teria reagido energicamente e teria ameaçado comunicar à presidência da República.
A PF, então, teria copiado arquivos. Rosemary conheceu Lula nos anos 90, quando trabalhava com o então presidente nacional do PT, José Dirceu, a quem assessorou por 12 anos.

Indiciados
De acordo com o superintendente regional da PF de São Paulo, Roberto Troncon Filho, seis pessoas foram presas e 18 foram indiciadas por conta da operação Porto Seguro. Para a PF, há comprovação da participação de servidores corrompidos da ANA, Anac, Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antac), (Advocacia-Geral da União (AGU), Secretaria do Patrimônio da União, do Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério da Educação e Cultura.
A investigação começou após um servidor do TCU ter procurado a Polícia para confessar que havia sido cooptado por criminosos interessados em comprar um parecer técnico.
Segundo o delegado, as investigações indicaram que não se tratava de um caso isolado. "Acabou se constatando a existência de um grupo que contava com dois integrantes servidores de agências reguladoras", disse Troncon. A conclusão da investigação, que contou com 180 policiais, deve ocorrer em até 60 dias. Além de Rosemary, o advogado geral da União adjunto, José Weber Holanda Alves, braço direito do advogado geral da União, Luís Inácio Adams, é outro alvo da PF. Os policiais recolheram computador, pendrives e documentos no gabinete dele. Ainda pela manhã, Weber também prestou depoimento.
A PF imputa a Weber e a Rosemary crime de corrupção ativa. O Planalto cobrou explicações de Adams e a presidente Dilma se irritou com o caso na véspera do lançamento de um pacote para o setor de portos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo tentou tranquilizar a presidente. A PF também minimizou o impacto. A Justiça Federal decretou o sigilo das investigações.

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