sábado, 1 de dezembro de 2012

Ceará é o terceiro do Nordeste em registro de casos de Aids

No Dia Mundial de Luta contra a doença, fazer o diagnóstico precoce ainda é um dos principais desafios
O Dia Mundial de Luta Contra a Aids é celebrado hoje. No Ceará, o primeiro caso da doença foi notificado há 29 anos, em 1983. Durante esse tempo, já foram 11.759 registros, sendo 429 em 2012, até outubro, conforme a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). No Nordeste, o Ceará ocupa a terceira posição quanto ao número de notificações, ficando atrás apenas de Pernambuco (16.803) e da Bahia (17.047). Já em relação ao Brasil, aparece na nona posição, segundo informações do Ministério da Saúde.
Quem passar pela Praça José de Alencar hoje, entre 8h e 13h, terá a oportunidade de realizar o teste rápido de HIV e receber orientações Foto: Marília CameloDas 11.759 pessoas notificadas com Aids no Estado, 70% correspondem a homens e 30% a mulheres. Do total, de acordo com o último boletim divulgado pela Sesa, 7.189 (61%) residem em Fortaleza. No que se refere aos 429 identificados deste ano, 230 (53%) foram diagnosticados na Capital.
Atualmente, 11.397 cearenses são tratados contra a Aids, número considerado positivo pela supervisora do Núcleo de Prevenção e Controle de Doenças e Agravos (Nuprev) da Sesa, Telma Martins. Ela diz que, apesar disso, a incidência da doença vem crescendo no Ceará, principalmente, por conta do diagnóstico tardio. Somente no ano passado, a taxa de incidência da Aids foi de 9,7 para cada 100 mil habitantes, o maior registro nos últimos 15 anos, com 815 casos.
"O diagnóstico precoce é importante porque ajuda o paciente a começar o tratamento no momento adequado. Isso evita doenças oportunistas que levam a óbito, melhora a qualidade de vida e reduz a transmissão da doença", declara. As gestantes com Aids também podem aumentar as chances de ter filhos sem o HIV, caso sejam orientadas corretamente e sigam o tratamento recomendado durante o pré-natal, parto e pós-parto.
Em 2009, a taxa de mortalidade por Aids no Estado foi de 3,4% para cada 100 mil habitantes, a mais alta desde 2006, quando o índice atingiu 2,8%. Em 2010, houve uma redução para 2,6%. Porém, no ano passado, a taxa subiu para 3%. Conforme Telma Martins, o abandono do tratamento é o principal responsável por elevar a mortalidade.
Segundo ela, muitos pacientes decidem não tomar mais os remédios por causa dos efeitos colaterais, porque apresentam melhora e entendem que não precisam mais se tratar, ou até mesmo pela vergonha de ingerir os medicamentos na frente de outras pessoas. "Isso aumenta a carga viral, dimunui as células de defesa e cria uma maior resistência aos medicamentos, sendo preciso prescrever remédios ainda mais tóxicos", afirma.
Telma destaca que, atualmente, já não se fala em grupos de risco, mas em indivíduos mais vulneráveis. Entre essas pessoas, estão as mulheres profissionais do sexo, homens que fazem sexo com outros homens, adolescentes e usuários de drogas ilícitas.

AçãoHoje, a Sesa estará na Praça José de Alencar, das 8h às 13h, fazendo o teste rápido e orientando as pessoas sobre como prevenir a Aids. A ação conta com o apoio dos membros do Conselho Regional de Psicologia.
O teste é recomendado para toda a população, especialmente para os grupos de maior vulnerabilidade. Os exames são realizados a partir da coleta de uma gota de sangue da ponta do dedo. Se o resultado for negativo, o diagnóstico é fechado. Em caso de resultado positivo, é feito outro teste para confirmação. Assim, o resultado tem a mesma confiabilidade dos exames convencionais e não há necessidade de repetição em laboratório.
Conforme orientações da Sesa, o teste de HIV deve ser realizado em quem tenha passado por uma situação de risco, como ter feito sexo sem proteção, há, pelo menos, um mês.

Tratamento
Com mais de 60 leitos ocupados por portadores do HIV, o Hospital São José, em Fortaleza, é conhecido por tratar pessoas com Aids. Atualmente, mais de três mil pessoas, de todas as classes sociais, vão à unidade em busca de medicamento mensalmente.
Na opinião do diretor do Hospital São José, Anastácio Queiroz, o grade desafio do Ceará é fazer com que os indivíduos sejam diagnosticados precocemente para evitar a contaminação de outras pessoas. Caso contrário, ressalta, a incidência continuará crescendo em grupos que, anteriormente, não eram tão atingidos, como idosos e mulheres. "Elas são as grandes vítimas da Aids, pois, muitas vezes, têm apenas um parceiro e acabam se contaminando com o vírus", aponta.
Queiroz também cita a prevenção precária dos grupos mais vulneráveis, principalmente, de homens que fazem sexo com outros homens. "Eles não estão tendo o devido cuidado", conclui, explicando que há também grande dificuldade em tratar portadores que moram nas ruas e/ou são usuários de drogas ilícitas.

Média42 casos por mês foram registrados no Ceará neste ano, número inferior a 2011, com 69 identificações. Apesar disso, o quadro ainda preocupa
RAONE SARAIVAREPÓRTER

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