terça-feira, 7 de agosto de 2012

O Caderno do “Menino Passarinho”


Com o título “Cocó – expedição jornalística revela tesouro escondido”, eis o Editorial do O POVO desta terça-feira, que aborda caderno elaborado pelo talento e a sensibilidade do querido jornalista Demitri Túlio. Demitri, ambientalista na prática, fez um verdadeiro inventário do que há de pássaros no Parque do Cocó. Confira:
Os leitores do O POVO foram brindados, ontem, com o caderno especial Expedição Cocó, resultante da sensibilidade apurada do jornalista Demitri Túlio em detectar e desvelar para os habitantes de Fortaleza um “tesouro escondido” por trás das muradas de cimento da Cidade: a maravilhosa e insuspeita biodiversidade do Parque do Cocó. A revelação deixa deslumbrado o mais insensível homo urbanus – aquele cujos sentidos há muito estão embotados à percepção de outra paisagem que não seja a da selva de pedra.
A linguagem jornalística e as encantadoras imagens fotográficas catalisam a sensibilidade estética, fazendo vibrar antigos fios invisíveis que interligam o ser humano à ancestralidade natural, soterrada sob camadas de verniz “civilizatório”. Mais do que isso: o trabalho paciente do repórter, a colher – durante mais de três anos – instantâneos fotográficos de um universo paralelo, invisível a olhos menos atentos, fez abrir a porta de uma espécie de jardim mágico só acessado por quem recupera a inocência do olhar primordial. É um mundo que, de certa forma, prefigura outro, ainda mais abscôndito, revelador da nossa face originária, anterior à de imagem fragmentária do Todo.
Sobretudo, Expedição Cocó é um aguilhão à consciência das autoridades públicas, que têm a responsabilidade de preservar esse patrimônio, pertencente não só às atuais gerações, mas, sobretudo, aos nossos descendentes. Responsabilidade, também, da sociedade em não poluí-lo e degradá-lo.
É imperativo que a comunidade, através de suas entidades – e as instituições representativas no Estado – forme fileiras exigindo resolver a legalização definitiva do Parque do Cocó. Para isso, a tomada de posição do Judiciário é fundamental: trata-se de uma área já inscrita, automaticamente, no patrimônio natural permanente, conforme a legislação federal. É caduca qualquer reivindicação que não reconheça isso. Além de que o interesse geral prevalece sobre o circunscrito.
Parodiando a parábola evangélica, o Parque do Cocó é como o “tesouro escondido” no campo – tudo o mais deve ser desconsiderado, se não for para preservá-lo e entregá-lo a seu verdadeiro dono: o povo de Fortaleza.

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