A Lei da Ficha Limpa, validada pelo Supremo Tribunal Federal na última
quinta-feira (16), poderá ter forte impacto sobre a política nacional, a começar
pelos réus do mensalão, o escândalo mais rumoroso do primeiro mandato do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se os políticos do grupo forem
condenados este ano, ainda que com penas baixas, estarão proibidos de concorrer
a cargos eletivos, no mínimo, até as eleições de 2020.
Pela lei, políticos condenados por órgãos colegiados, como o STF, não podem
disputar eleições por pelo menos oito anos.Até a aprovação da Lei da Ficha Limpa
em 2010, condenações em processos criminais resultavam na inelegibilidade por
apenas três anos. O ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão, disse que o
processo poderá ser julgado ainda no primeiro semestre deste ano. Entre os réus
do processo que poderão ter as carreiras duramente atingidas estão alguns dos
principais líderes do PT como o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado José
Genoino e o deputado João Paulo Cunha. O ex-tesoureiro do partido Delúbio
Soares, que vinha se preparando para as eleições deste ano, corre o risco de se
ver obrigado a mudar os planos políticos antes mesmo do próximo pleito.
O mesmo pode acontecer com o ex-deputado Roberto Jefferson, atual presidente
do PTB, Bispo Rodrigues, ex-PR, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) e o
prefeito de Uberaba, Anderson Adauto (PR), entre outros. José Dirceu e Roberto
Jefferson tiveram os mandatos cassados em 2005 e, desde então, perderam o
direito de concorrer a cargos eletivos até 2014. Com uma eventual condenação no
processo criminal em curso no STF, a punição poderia ser ampliada por um prazo
igual ou superior a oito anos.
O artigo 2º da Lei da Ficha Limpa torna inelegíveis “os que forem condenados,
em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado,
desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da
pena, pelos crimes: contra a economia popular, a fé pública, a administração
pública e o patrimônio público”. Nessa relação constam ainda pelo menos mais dez
diferentes tipos de crimes que também podem levar à perda do direito de
candidatura a cargo eletivo.
Punições podem ser mais longas
Um detalhe do texto pode tornar a punição ainda mais longa: o prazo de
proibição de candidaturas começa a ser contado depois da condenação. Exemplo: se
um dos acusados for condenado a dez anos de prisão, a restrição à candidatura
pode levar quase duas décadas.
- Essa lei vai tirar muita gente da política brasileira. Vai obrigar os
partidos a escolher melhor os seus candidatos. No fundo, vai fortalecer a
política – afirma o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir
Cavalcante.
A Lei da Ficha Limpa também atingirá boa parte dos políticos supostamente
envolvidos no mensalão do DEM, fisgados na Operação Caixa de Pandora. Entre
eles, o ex-governador do DF José Roberto Arruda.
(O Globo)
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