segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Extrema Pobreza em Icó é maior, proporcionalmente, que no Ceará

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17.731 icoenses em situação de extrema pobreza. Este é um dos números apontados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará [IPECE], órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão [SEPLAG] do Governo do Estado.

Os dados fazem parte do estudo inédito “Os Determinantes Espaciais da Extrema Pobreza no Estado do Ceará – 2010”, que compõem “Textos para Discussão” (nº97), que acaba de ser publicado pelo Ipece.

Apesar da verificada queda na quantidade dessa faixa da população, ainda é significativo o percentual que vive em situação crítica em termos de condições de vida. A extrema pobreza ou miséria é definida como rendimento mensal domiciliar per capita de até 70 reais, sendo essa a linha adotada pelo Ministério do Desenvolvimento Social [MDS] em 2011.

A POBREZA RURAL DE ICÓ - Os números apresentados demonstram, concretamente um fato: O Icó precisa avançar [e muito] na igualdade social. Trata-se de oportunizar emprego e renda em terras icoenses. E vamos aos números que exemplificam a [triste] realidade:

Enquanto no Ceará, 17,78% da população [776.654 habitantes] é enquadrada na situação de miséria, o percentual em terras icoenses é mais alto: 27,09% [17.731]. E a concentração da extrema pobreza é maior na zona rural. De cada quatro miseráveis, segundo o estudo, três estão fora da sede urbana, o que representa 13.529 pessoas. Na área ubana, 4.202 icoenses tem uma renda mensal per capita de até 70 reais.

Ironicamente, a área que hoje é a que mais tem pessoas com pouco ou nenhum poder aquisitivo para se manter, há séculos representava a pujança de um Icó pastoril e dono dos maiores rebanhos do Ceará.

REFLEXOS DO PERÍMETRO? - Outro ponto de reflexão diz respeito a uma das potencialidades de Icó e hoje deixada, praticamente, de lado. Ao lado de um dos maiores açudes do Ceará, o Orós, e contando com o Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos [PILC], era de se supor que o Icó fosse protagonista nos ramos da agroindústria e agricultura famíliar. Ledo engano.

Sem contar, por décadas, com uma plano de parceria Município-Estado-União, o PILC não obteve recursos para a devida manutenção e viu a estrutura tornar-se obsoleta, na gritante diferença de uma agricultura do século XXI e instrumentos de 1970, quando foi implantado o projeto de produção agropecuária no semiárido cearense.

Segundo reportagem apresentada no periódico Diário do Nordeste, apenas 25% dos lotes são irrigados e outros 75% tem uma produção sem relevância à potencialidade desejada. No início, o uso chegava no total. E quando não se produz riqueza? A lacuna é percebida pela comunidade rural, que detinha no Perímetro uma fonte de renda e viu, com o passar do tempo, minguar-se.

Retornando aos dados do Ipece, o percentual dos extremamente pobres na zona rural de Icó chega ao patamar de 38,66%. Ou seja, dos 34.993 que habitam longe da sede, 13.529 se enquadram como miseráveis.

ENTRE IGUATU E PEREIRO - Na região circunvizinha, composta pelos municípios de Baixio, Cedro, Icó, Iguatu, Ipaumirim, Jaguaribe, Lavras da Mangabeira, Orós, Pereiro e Umari, o ranking da extrema pobreza, proporcional, é a seguinte [da maior para a menor pobreza]:

1º_Pereiro - 38,19% [6.017 pessoas]
2º_Lavras da Mangabeira - 31,40% [9.762]
3º_Umari - 31,09% [2.346]
4º_Icó - 27,09% [17.731]
5º_Cedro - 26,66% [6.539]
6º_Ipaumirim - 24,14% [2.899]
7º_Baixio - 21,11% [1.272]
8º_Orós - 20,89% [4.468]
9º_Jaguaribe - 20,34% [6.999]
10º_Iguatu - 13,14% [12.676]

Se em termos percentuais a situação é de desafio para o Icó, e em relação à quantidade. É neste caso que se vê que o Icó precisa investir pesado em emprego e renda. E aqui leia-se não apenas recursos, mas, principalmente, projetos e ideias.

No tocante à quantia, estes dez municípios registram 70.709 pessoas que possuem renda mensal domiciliar per capita de até 70 reais. Este total, para efeito de comparação, representa, aproximadamente, a população de Aquiraz, localizada na Região Metropolitana de Fortaleza [RMF].

ICÓ SEM RENDA - E mais, de cada 100 considerados miseráveis nesta região circunvizinha, 43 residem em Icó ou Iguatu, qu respondem juntos, por 43% dos miseráveis. Esmiuçando ainda mais estes números, teremos, pela quantidade, o seguinte ranking de habitantes extremamente pobres [os cinco maiores]:

1º_Icó - 17.731 pessoas extremamente pobres
2º_Iguatu - 12.676
3º_Lavras da Mangabeira - 9.762
4º_Jaguaribe - 6.999
5º_Cedro - 6.539

Trocando em miúdos, no jargão, o que os números apresentam, o último em especial, apresenta um cenário atestado de pobreza de Icó para a região. Logicamente, o Iguatu, poder deter de uma população maior que o Icó, deveria seguir a tendência de ter mais pessoas em situação subumana.

Mas não é isso o que acontece, visto que os nosso vizinhos estão entre os vinte municípios do Ceará com as menores proporções de pessoas extremamente pobres. Resultado: Temos a maior quantia de pessoas em extrema pobreza na região e uma das maiores taxas do Estado, acima da média.

Como diz a máxima e aqui exaustivamente repetida: Contra fatos não há argumentos. E aqui também repetimos que estes tristes números aqui apresentados são a consequência da ausência do investimento público na população por diversas gestões municipais e que precisam ser revistas, antes que seja tarde demais. Se já não o for.

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