Mas, como se não bastasse a tensão instaurada entre o Palácio do Bispo e o Palácio da Abolição, a aliança sofre com os efeitos de outras situações políticas mal resolvidas que ameaçam a paz eleitoral para 2012. É o que acontece, por exemplo, no PMDB, dividido em alas que defendem várias teses. De manutenção dom apoio ao PT, de candidatura própria ou de esperar por uma decisão do governador.
O quadro também é agitado nas oposições, que correm para viabilizar nomes diante de um processo inédito pela falta de candidaturas naturais. Nas próximas páginas, O POVO passeia por esse cenário de uma disputa que tende a se tornar aberta com o gesto de Luizianne na última segunda-feira (31) em direção a Catanho.
As aparências enganam na relação entre PT e PSB para as próximas eleições. Enquanto os dois partidos manifestam publicamente o desejo e a importância da manutenção da parceria em 2012, nos bastidores, a dificuldade de entendimento revela que a tradicional – e vitoriosa – aliança política constituída em 2006 pode não se repetir em 2012.
Uma fonte que acompanha a intimidade das negociações entre a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), e o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), admitiu que há uma grande dificuldade de entendimento entre o Palácio do Bispo e o Palácio da Abolição. Além do desafio que se tornou a definição de um candidato que tenha o respaldo de dois grupos que não se entendem há muito tempo – e que, de preferência, tenha densidade eleitoral para vencer a disputa – a tentativa de amarrar as eleições para governador em 2014 ao pleito municipal do próximo ano também tensiona o balcão de negociação.
Problemas mútuos
O POVO apurou que o grupo ligado ao governador já tenta colocar em pauta a sucessão estadual, o que encontra resistência por parte do grupo de Luizianne. A dificuldade de entendimento passa ainda pela certeza, por parte do Palácio da Abolição, de que toda a movimentação da deputada Eliane Novais (PSB) dentro do partido – com o lançamento de uma pré-candidatura – e a crise instaurada na sigla, teria sido articulada por Luizianne e o PT, supostamente interessados na confusão. Do lado do PT, há queixa quanto a uma suposta “falta de confiança” do governo nas conversas.
Com tudo isso, a relação entre Cid e Luizianne anda visivelmente arranhada – a ponto de os dois líderes sequer manterem uma rotina de encontros para conversa. Tal fato se revela também nas recentes declarações do governador e da prefeita sobre a sucessão municipal. No final de outubro, os dois trocaram indiretas, afirmando mutuamente que não deve existir “arrogância” nas negociações para as eleições. Cid disse que “todo mundo deve abrir mão das arrogâncias, prepotências e vaidades”, sob o risco de dar espaço para a vitória de um “azarão”. No dia seguinte, Luizianne disse que dialogar sem arrogância é questão de “responsabilidade” e que “não ser arrogante e prepotente” é lição que serve, também, para “todo mundo”.
De camarote, setores do PMDB acompanham os sinais de desentendimento entre PT e PSB por enxergarem no desgaste uma oportunidade para o lançamento de uma candidatura própria em Fortaleza. Para isso, terão que enfrentar a ala, ainda predominante, que defende a manutenção do apoio a Luizianne.
Numa linha própria de oposição à administração petista que comanda a Prefeitura de Fortaleza, o Partido Socialismo e Liberdade (Psol) se prepara para se apresentar à população da cidade com uma candidatura “à esquerda”. Segundo o vereador João Alfredo (Psol), a sigla vai buscar mostrar que Luizianne teria sido, de acordo com sua visão, apenas dado continuidade às gestões anteriores – do PMDB –, sem representar a inauguração de um “novo” modelo político.
(O POVO)
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